Arte
Musicista autista pelotense vai se apresentar em SP
Shadê Silva, de sete anos, faz sucesso entre a comunidade geek por gravar vídeos cantando e tocando músicas de produções clássicas japonesas
Divulgação -
Em Pelotas a paixão pelas tokusatsu - filmes ou séries japonesas no estilo live-action, com grande utilização de efeitos especiais - inspiraram a pequena Shadê Silva, 7, a criar um canal no YouTube para mostrar suas versões das músicas dos clássicos, como Jaspion, Jiban e Jiraya. Agora, a pelotense - que tem autismo - irá para São Paulo realizar uma apresentação na Feira Temática Jaspion Para Sempre.
Maria Ângela Silva, 40, mãe de Shadê, sempre foi uma grande fã dos seriados e filmes japoneses e acabou passando para a filha o gosto pela cultura do país asiático. Com isso, a menina, que estuda música desde os cinco anos e faz parte da Orquestra Municipal de Pelotas, passou a gravar vídeos cantando e tocando as canções dos seriados em uma página de fãs de tokusatsu no Facebook. Com o tempo, ela foi ganhando apoiadores que a incentivaram a criar um canal próprio.
Agora já em seu canal, a cada 15 dias ela monta suas próprias partituras e grava vídeos cantando em português, inglês e japonês. Além disso, toca flauta doce e teclado, sendo este último um instrumento que ela aprendeu a tocar sozinha durante o período de pandemia. Por ser a única criança autista com um canal voltado para essas temáticas no Brasil, Shadê vem fazendo sucesso entre os admiradores de tokusatsus no Brasil e acabou chamando a atenção de Adriel de Almeida, organizador da feira na capital paulista.
No próximo fim de semana, nos dias 26 e 27, Shadê e Maria Ângela embarcam rumo ao bairro da Mooca, em São Paulo, para participar da Feira Temática Jaspion Para Sempre. A jovem irá se apresentar e interpretar músicas do seriado, representando Pelotas e a comunidade autista da cidade. “Eu estou muito animada para ir para São Paulo”, resume.
O autismo na infância
Já nos primeiros anos de vida de Shadê, Maria Ângela percebeu que a filha tinha uma certa demora no desenvolvimento de algumas habilidades, como a da fala, por exemplo. Foi um longo período de exames até receber o diagnóstico de que a pequena tinha a Síndrome de Asperger, um dos espectros do autismo caracterizado por pessoas que têm a inteligência na média ou acima da média, mas que podem ter dificuldades de aprendizagem.
No início, a notícia desolou a mãe. Por isso, ela conta que teve receio de como poderia ser o avanço da menina. Mesmo assim, Shadê se mostrou disposta a desenvolver suas habilidades, como aprender a ler sozinha. Hoje, ao ver o caminho que a filha está trilhando, Maria Ângela se orgulha e acredita que os vídeos ajudaram a menina a elevar a sua autoestima como uma pessoa com autismo. Ela ainda incentiva que pais que tenham filhos com deficiência acreditem nos seus filhos. “Eles podem ser tudo, só precisam de incentivo e carinho.” finaliza.
Eliane Bitencourt, presidente da Associação de Amigos, Mães e Pais de Autistas e Relacionados com Enfoque Holístico (Amparho), da qual Shadê faz parte, ressalta a importância de exemplos como o dela. “A Shadê é inspiração. Com apenas sete anos já está nos mostrando que o céu é o limite.”
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